quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Boneca de Pano



Neta de escrava alforriada, Andreza Batista dos Santos foi mais uma de muitas crianças brasileiras que teve uma infância pobre. E como toda criança, adorava brincar de boneca. Sua mãe sem condições financeiras de lhe dar uma boneca de louça, uma novidade para a época, passou a confeccionar bonecas de pano cortadas a faca para a sua filha. E observando a mãe, Andreza passou a fazer suas próprias bonecas. E tendo um destino parecido com o da sua mãe, Dona Andreza também não tinha condições de presentear suas filhas com bonecas de luxo. E passou a ensinar suas filhas para que pudessem criar suas próprias bonecas.

As bonecas de pano atravessaram gerações nesta família, se fazendo presente na infância de Andreza, de suas filhas, de suas netas e agora de sua bisneta, que tem sua mãe, sua avó e sua bisavó bonequeiras, passando ela também a confeccionar suas próprias bonecas aos 05 anos. E é através deste brinquedo que contamos a história de Andreza Batista, carinhosamente chamada de Té, retratando sua vida na cidade de Irará até a década de 50. A Feira de sua cidade, o Samba de Roda na lavagem de Nossa Senhora da Purificação, a Reza de Santo Antônio, as Lavadeiras da Lagoa, as Lenhadeiras, enfim, uma historia contada por suas próprias bonecas.

Para Dona Andreza, hoje com 74 anos, tem a certeza de deixar o seu maior tesouro como herança, por mais que seja uma simples boneca feita com retalhos de pano. Suas bonecas são a sua arte, o seu talento é a história de sua infância.
Bay Juliana Querino

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